segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Crônicas de 2011 - Parte 1

Como o ano de 2011 vai chegando ao fim, e os jogos vão se tornando cada vez mais raros, vou utilizar deste espaço para escrever um pouco sobre grandes eventos esportivos que marcaram o ano - e que eu presenciei in loco. Segue a primeira crônica.

O maior de todos os jogos.

Jogo: UniCeub/BRB 77x68 Franca (24/05/2011)

É sempre assim. Durante as primeiras fases dos campeonatos, a torcida não comparece. Mas, à medida que os jogos vão se tornando decisivos, os ginásios parecem encolher. Onde antes podíamos esticar as pernas, agora ficamos espremidos. E, em um certo momento, às vezes sequer encontramos ingressos, a não ser que cheguemos bem no início das vendas. As fases avançam e, cada vez mais, o público que antes era indiferente, começa a querer sair de casa para ver a festa in loco.

E não foi diferente na campanha do UniCeub/BRB no NBB de 2011. O time era o campeão do ano anterior. Confirmaria a hegemonia, ou passaria a coroa? Durante toda a primeira fase, um número ainda não muito grande de pessoas se preocupava com a resposta. Até que as arquibancadas da Asceb - ah, quantas emoções já vivi nessas arquibancadas!!! - tinham bastante gente em suas partes mais centrais. Mas quem quisesse esticar as pernas sem ser incomodado sempre encontraria lugar nas beiradas. Dentro da quadra, o time fazia sua parte, e fazia a alegria da torcida. Quase sempre, os dois pontos ficavam com o time local mesmo. E, durante a primeira fase, a toada foi sempre essa.

Aí veio a segunda fase, e a Asceb começou a ficar pequena. Nos jogos contra o Uberlândia - agora patrocinado pela mesma Universo que outrora emprestara seu nome à equipe candanga - casa cheia, e o torcedor não conseguia mais esticar as pernas. Contra o Pinheiros, nas semifinais, quem não chegou com várias horas de antecedência teve que voltar para casa e ver pela TV. E o UniCeub só eliminando seus adversários. E chegamos à final.

Chegamos à final, e não poderíamos esperar uma decisão mais complicada. Jogaríamos contra Franca. Pior: faríamos três partidas fora, e duas em casa. Se quiséssemos a taça, teríamos que vencer pelo menos uma vez no Pedrocão, local onde o time francano, empurrado por sua torcida, raramente perde.

O primeiro jogo foi na Capital Federal. A Asceb foi definitivamente considerada pequena demais, e o jogo foi marcado para o Nílson Nélson, maior ginásio do Distrito Federal. Ano passado, a final também havia sido lá, e também com casa cheia. "Ah, claro que lotou, era contra o Flamengo!", diziam os rivais. Contra Franca, para eles, seria diferente, e o ginásio não lotaria. Quando chegou a hora do jogo, para surpresa deles, não havia um só lugar vago em todo o ginásio. O que eles diriam agora, que foi a imensa massa de francanos residentes na Capital Federal que lotou o Nílson Nélson?

Quando a bola subiu, o UniCeub atropelou a equipe paulista por 92 a 72. Ninguém se impressionou com o resultado, até porque Franca continuava com a vantagem de jogar três vezes em casa. então, era fundamental manter a cabeça no lugar, para não perder a taça.

O segundo jogo, em Franca, foi acirradíssimo. As duas equipes se alternaram na liderança do placar várias vezes, a torcida francana fez muito bem sua parte, mas o UniCeub, com muita raça, venceu por 80 a 75. Na noite seguinte, novamente em Franca, outro jogaço, com direito a prorrogação, e dessa vez Franca levou a melhor, por 93 a 92.

Pronto, agora a vantagem era do time de Brasília. Bastava vencer o jogo 4, no Nílson Nélson, e levantar a taça. Se perdesse, jogaria a finalíssima em Franca. Mas, na Capital, ninguém duvidava que o jogo 4 seria o último do campeonato. E, mais uma vez, essa torcida lotou o Nílson Nélson. E os momentos em que estive naquele ginásio naquela noite de 24 de maio certamente lembrarei por toda a vida, e contarei a meus filhos e netos.

Cheguei ao ginásio com meu amigo João Henrique bem antes de a bola subir. Tivemos tempo de ver o ginásio, pouco a pouco, se enchendo. Mais de dezoito mil pessoas pagaram ingresso, e novamente não havia um único assento livre no ginásio. Quando começou o jogo, o barulho era ensurdecedor. Não tive nenhuma dúvida de que o UniCeub sairia daquele ginásio naquela noite como campeão.

No primeiro quarto, o UniCeub já abriu uma grande vantagem, de 19 a 12, mas que, àquela altura do jogo, não significava nada. A torcida continuava fazendo seu papel. No segundo período, as defesas prevaleceram, e o UniCeub conseguiu marcar apenas quinze pontos, contra nove dos francanos. No intervalo, 34 a 21 para nós.

A vantagem parecia confortável, mas todos sabiam que Franca era um grande time, e que muita água ainda passaria por baixo da ponte. No terceiro período, o time candango chegou a abrir 20 pontos de vantagem. A partir daí, Franca por várias vezes encostou no marcador, e o UniCeub buscava manter a vantagem. Mas o time de Brasília soube administrar o resultado, e venceu por 77 a 68. Dentro de quadra e nas arquibancadas, choro, abraços, muita comemoração. Um presente para o torcedor que lotou o Nílson Nélson, que pela primeira vez viu seu time comemorar um título jogando na Capital Federal. Uma emoção que sempre parecia, ao menos no Brasil, restrita ao futebol, e que agora invadia os jogos de basquete. Parafraseando o grande Chico Buarque, quem estava lá no Nílson Nélson viu, e quem não viu jamais verá.

Encerrados o jogo e as comemorações, voltei para casa. Naquela noite, e por todas as noites seguintes da minha vida, fui dormir sabendo que tinha visto o maior de todos os jogos.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Com dois gols no final, Samambaia vira sobre Dom Pedro

Em casa no feriado, resolvi, de última hora, fazer mais uma cobertura. Com dois jogos marcados para a quarta-feira, acabei escolhendo ir para o sempre simpático estádio da Metropolitana, no Núcleo Bandeirante. A tarde previa o duelo entre Dom Pedro II e Samambaia. Antes do jogo, o Dom Pedro II, que, três anos após surpreender todo o mundo e terminar o campeonato candango de 2008 como vice-campeão, agora amarga a Segundona local, mas vinha rondando a zona de acesso com insistência, após um começo irregular. O Samambaia, por sua vez, só cumpre tabela, pois já não tem mais chances de chegar à elite. Tudo indicava que o time da casa era o grande favorito para esta partida. E, para ver se eu estava certo, fui lá conferir. Encontrei no estádio o amigo Rener Lopes, que também estava lá, prestigiando essa partida. E, antes do início da partida, eu já estava posicionado nas arquibancadas do estádio, pronto para acompanhar tudo.

O jogo foi quente desde os primeiros minutos, com as duas equipes criando boas chances de gol. A equipe da casa era um pouco melhor, mas o Samambaia, com frequência, dava sinais de estar no jogo.

Jogador do Dom Pedro II tenta sair da marcação.

Com o tempo, o Dom Pedro II passou a dominar o jogo de forma quase absoluta, e o Samambaia praticamente não conseguia passar para o seu campo de ataque.

Falta para o Dom Pedro II. Equipe da casa pressionou na maior parte da etapa inicial.

Somente nos minutos finais o Samambaia esboçou uma reação, mas não foi suficiente. E as muitas chances de gol da primeira etapa não foram suficientes para tirar o placar do zero. E as duas equipes foram para os vestiários sem mexer no placar.

Agora, falta para o Samambaia. Time chegou um pouco mais no final do primeiro tempo.

O tempo voou nos quinze minutos de intervalo. E logo as duas equipes voltaram para dar sequência à partida. Bola rolando, e o Dom Pedro II continuou pressionando. Logo no início, o time perdeu duas grandes chances de abrir a contagem.

Tentativa de ataque do Samambaia.

E, por ironia, quando o Samambaia começou a esboçar uma reação, o Dom Pedro II abriu a contagem. Aos 15 minutos, Thiago Silva chutou fraco, mas tirou do goleiro, fazendo 1 a 0 para o time da casa.

Dom Pedro II abre a contagem e comemora.

O Samambaia, que já havia melhorado no jogo, passou a dominar as ações após sofrer o gol. O Dom Pedro II recuou e permitiu aos visitantes crescerem no jogo. Aos 27 minutos, o Samambaia carimbou o travessão, mostrando que estava vivo no jogo.

O jogo ficou truncado nos 15 minutos finais. As defesas chegavam duro, e o jogo teve várias paralisações. Assim, as chances de gol se tornaram mais raras.

Mas, quando tudo parecia decidido, o Samambaia resolveu mostrar por que o futebol é tão emocionante. Willian marcou dois gols quase em seguida, aos 43 e aos 45 minutos da etapa final, e decretou uma virada histórica do time visitante.


As comemorações se confundiram. Em apenas dois minutos, o Samambaia virou o jogo.

Depois do gol, o Dom Pedro II ainda foi buscar o empate. Mas já era tarde. Final, Dom Pedro II 1x2 Samambaia.

O resultado pode ser considerado surpreendente, já que o Dom Pedro II vinha crescendo nas últimas rodadas e estava na briga por uma vaga na elite local, enquanto o Samambaia já não tem nenhuma aspiração na competição. Mas o resultado custou caro à equipe da casa, que, se tivesse vencido, ficaria a um ponto da zona de acesso. Agora, o Dom Pedro II caiu para o oitavo lugar, e vê a Primeira Divisão ficar distante.

Final de jogo, e eu, contente com o que vi, voltei para casa. O feriado ainda não tinha acabado.