segunda-feira, 1 de julho de 2019

Nacional bate Portuguesa e encerra tabu de 61 anos

O Campeonato Paulista de 1958 ficou marcado pela primeira das muitas taças erguidas pelo Santos de Pelé. No mesmo ano em que o Rei trouxe ao Brasil a primeira Copa do Mundo de sua história, o Peixe venceu 29 dos seus 38 jogos no Paulista daquele ano, marcando incríveis 143 gols, sagrando-se campeão com todos os méritos. No entanto, no dia 17 de julho daquele ano, uma peleja disputada no estádio Nicolau Alayon passou despercebida: o Nacional derrotou a Portuguesa por 4 a 2. Esse jogo, aparentemente um jogo qualquer, marcou o início de um tabu sem que o Nacional conseguisse vencer a Portuguesa em partidas de competição. No último sábado, quando as duas equipes voltaram a se enfrentar no mesmo Nicolau Alayon, essa vitória nacionalina estava para completar 61 anos - mais exatamente, completava 22.262 dias. Os resultados da primeira rodada mostravam que esse tabu podia cair no sábado: o Naça havia vencido o Taubaté por 1 a 0 na casa do adversário, enquanto a Lusa, mandante contra o Desportivo Brasil em Osasco, perdera por 3 a 0. Mas claro que o time do Canindé não aceitaria essa condição de azarão, e partiria para buscar a vitória.
Bom, antes de chegar ao Nicolau Alayon, tive que correr. Achei que sair do Morumbi às 13:40 seria suficiente para chegar na cancha nacionalina às 15 horas, quando seria dado o apito inicial da partida. Ledo engano. Quando cheguei à Estação da Luz, vi que ia atrasar e peguei um taxi. Mas não foi o suficiente: entre as aventuras no trânsito paulistano e a fila para comprar o ingresso, consegui entrar no estádio apenas às 15:10. Aparentemente, não perdi muita coisa nos primeiros 10 minutos de jogo - o 0 a 0 no famoso placar do Nicolau Alayon me tranquilizou um pouco.
O Nacional teve uma chance em cobrança de falta aos 14 minutos. A cobrança era de longa distância, mas Denner bateu bem, e obrigou Rafael Pascoa a uma grande defesa. Porem, seria a Portuguesa a marcar. Aos 21 minutos, Gerley recebeu cruzamento e chutou bem, abrindo a contagem para a Lusa.
Portuguesa tenta sair jogando.
O jogo seguiu sem grandes emoções. As chances de gol eram raras, e as defesas prevaleciam sobre os ataques. Mas ainda deu tempo para o Naça chegar ao empate antes do apito final da primeira etapa. Após cruzamento de Matheus Lu, Éder Paulista acertou uma bela cabeçada para marcar um golaço e empatar a partida. E o Nacional poderia ainda ter virado antes do intervalo, mas o chute de Éder Paulista encontrou o zagueiro Léo Fioravanti, que tirou em cima da linha. E o rebote ainda sobrou para Gabriel Mendes, que acertou novamente o zagueiro da Lusa. E o primeiro tempo terminou empatado em um gol para cada lado.
No intervalo, encontrei os amigos Fernando, editor do excelente blog Jogos Perdidos, Mário, e os torcedores da Lusa Gustavo e André Zorzi. E, após uma boa conversa sobre o jogo durante os 15 minutos de descanso, procuramos um lugar no setor coberto do estádio para vermos o restante da partida.
Os primeiros minutos da segunda etapa foram mornos. A primeira chance de gol veio somente aos 14 minutos, quando Caio Mendes recebeu cruzamento de Danilo Negueba e finalizou, para boa defesa de Rafael Pascoa. Dez minutos depois, a defesa lusa perdeu a bola e possibilitou que Éder Paulista recebesse lançamento e finalizasse para mais uma boa defesa de Rafael Pascoa.
Arrancada do Nacional.
O jogo seguiu com pouca coisa relevante acontecendo, e a conversa com os amigos raramente era interrompida por uma boa jogada. Os minutos finais chegaram, e a partida parecia mesmo ter seu resultado final decretado em 1 a 1. Mas foi aí que tudo resolveu acontecer. Aos 43 minutos, Rogério Maranhão colocou o Nacional na frente, e parecia enterrar de vez o tabu de 61 anos. Mas a Lusa foi buscar o empate nos acréscimos. Hudson cruzou para Luiz Thiago que, de cabeça, empatou o jogo.
Jogador do Nacional protege a bola.
Então, 2 a 2 e tabu mantido, certo? Errado! O jogo ainda não tinha acabado e, aos 49 minutos, Vinícius driblou dois adversários e chutou de esquerda, tirando do goleiro Rafael Pascoa e, aí sim, dando números finais à partida e enterrando de vez o tabu de 61 anos: Nacional 3x2 Portuguesa.
Além da quebra do tabu, o Nacional ainda comemora a liderança do Grupo 3 da Copa Paulista, que divide com o Juventus: ambas as equipes venceram seus dois jogos e somam seis pontos. A Portuguesa, que parece não ver um fim à sua crise, ainda não pontuou, e divide a lanterna com o Taubaté. Resta ver o que as demais rodadas reservam.
Fim de jogo, chamei o Uber para a casa dos meus pais, pois à noite íamos assistir ao musical Billy Elliot. E eu não queria chegar atrasado pela segunda vez no dia.

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